quinta-feira, 30 de maio de 2013

A criminalização das Rádios Comunitárias continua: a cara de pau do Correio do Povo

Essa semana, a Polícia Federal deflagrou uma operação de busca e apreensão de materiais de transmissão em Uruguaiana de supostas rádios clandestinas na região. Essa ação faz parte da chamada operação sentinela que vigia a operação das rádios criminalizadas como clandestinas na fronteira com os países vizinhos.
 O veículo de monopólio da comunição auto intitulado de Correio do "Povo" publicou uma reportagem totalmente sem ética e vergonha na cara em sua página virtual com o intuíto de colaborar com uma criminalização ainda maior das Rádios Comunitárias. Digo sem ética e vergonha na cara em virtude da reportagem colocar como uma das motivações do fechamento das rádios o fato das mesmas não terem a outorga de operação fornecida pela a ANATEL (e mais um monte de absurdos e erros de avaliação dos fatos pelo Correio do Povo). A falta de ética e vergonha na cara está aqui: a Rádio Guaíba está com a outorga vencida desde 1996. Essa informação está publicada no site da própria agência que deveria interromper as operações da Rádio Guaíba que está irregular: a ANATEL. Porque apenas as Rádios Comunitárias são criminalizadas? Existem rádios que realmente não prestam nenhum serviço a sua comunidade e que tem apenas fins lucrativos (geralmente administradas por políticos e igrejas). Essas rádios sim poderiam ser classificadas como piratas (utilizando o termo que eles adoram rotular as Rádios Comunitárias erroneamente). Nesse sentido a Rádio Guaíba também poderia ser considerada pirata, pois, tem uma concessão pública de transmissão que está vencida desde 1996, tem fins lucrativos bem explícitos, não presta serviço à comunidade (presta serviço a si mesma) e ainda é administrada por uma igreja. No site da ANATEL é possível pesquisar todas as concessões públicas de transmissão e seus devidos vencimentos. Duas rádios do grupo RBS e a emissora de rádio e televisão do Estado (sim, o governo também é pirata) estão também com a outorga de funcionamento vencida.
Dessa forma, podemos observar que a luta do movimento das Rádios Comunitárias é realmente justa. A criminalização das rádios comunitárias pelos veículos de comunicação ditos "oficiais", repressão por parte do Estado (principalmente dificultando a obtenção da outorga) tem o único objetivo de preservar o monopólio da comunicação e calar a voz das Rádios Comunitárias. MAS NÃO VAMOS NOS CALAR. O nosso direito a informação e a expressão é legítimo (e a Rádio Comunitária está inserida nesse contexto). O monopólio, esse sim não é legítimo. Já que o Governo Federal está fiscalizando as fronteiras deveria aproveitar e olhar para o exemplo do vizinho Uruguai, que está acabando com o monopólio da comunicação com um importante projeto de Lei que vai tornar mais democrático e plural o acesso das pessoas ao direito de difundir informações e se expressar (beneficiando diretamente as Rádios Comunitárias). Estão tornando legítima uma luta antiga do movimento das Rádios Comunitárias do Uruguai.
Enquanto o vizinho anda para frente, continuamos andando para traz em nossa legislação da comunicação. Criminalizar é a palavra de ordem contra as Rádios Comunitárias. A luta ainda é longa. Mas a exemplo dos vizinhos do Uruguai: NÃO VAMOS DESISTIR.

Marcelinho (Rádio Comunitária a Voz do Morro - www.avozdomorro.com)

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