MESA DE ABERTURA (Clique aqui para ouvir)
CRÔNICA DE UM COMPANHEIRO
E a semana passou. Foram alguns meses de discussão, preparação, um pouco de angústia, pouco sono para alguns e muito empenho de todos. Tínhamos que lembrar às pessoas que o que aconteceu há 40 anos nesse país, de alguma maneira, continua vivo. Situação que não nos deixa cômodos.
A semana de atividades batizada como “AI-5, nossa memória não esquece, isso ainda acontece”, tinha esse objetivo, o de desacomodar. Atacar os muros das cidades, intervir nas ruas, mostrar que algo não vai bem, reunir pessoas para debater, para lembrar, para se revoltar, para quem sabe, fazer algo mais. Pois, os terroristas do Estado continuam praticando suas atrocidades, livremente.
Por sorte, sempre vai existir quem se propõe a ser a pedra no sapato, a mosca na sopa, a pulga atrás da orelha. Tivemos nossa pequena vitória nessa semana que passou, do dia oito ao doze, organizamos uma humildade jornada de atividades e ela foi até o fim. Contamos com nada menos que nós mesmos e provamos que podemos fazer mais, podemos fazer qualquer coisa que nos dispusermos a fazer.
Saudações fraternais a todos os que se envolveram e que participaram dessa semana, de um jeito ou de outro.
“”Para aqueles que me querem assim, bem morto,
Por eles viverei ainda muito tempo mais!”
MEMÓRIA EM PRETO E BRANCO
Exposição de Tharcus Aguilar
Já dizia o crítico brasileiro Mario Pedrosa que “arte é o exercício experimental da liberdade” e nesse raciocínio eu busco sustentáculo para as intervenções e produção artística que desenvolvo. Um olhar livre de pré-conceitos é fundamental para facilitar e aprimorar as percepções que se modificam no decorrer dos contextos sócio-históricos. Falo isso por agregar em meu trabalho um elemento que habita de forma vertiginosa nas grandes cidades de nosso país, a pichação. Esta manifestação pode ser rejeitada, mas não ignorada. A pichação cria um jogo de signos que tem estética e sua dimensão de subjetividade, elementos esses característicos da arte.
Na série atual mesclo uma intervenção tida como vandalismo com imagens de torturados pelo regime militar no Brasil. Na verdade procuro unir situações que giram em torno das transgressões do direito e da lei. Assim a tortura, os desaparecidos políticos, a pichação, habitam o universo dessa série. Interessa-me uma arte “anti-design e subversiva”...Uma arte que represente o “invendável, o prazer e desprazer, sombra e êxtase (Alfonso Hug). O ponto de partida para a série que chamo de “Memória em Preto e Branco” é a inquietação representada por imagens e signos que operam na estética do feio, do repulsivo, portanto esta série é um brado contra o esquecimento e a injustiça, um esforço pela garantia da dignidade cultural e política
Entrevista com Tharcus Aguilar
Um comentário:
Nossa, muito boas as peças. Cheguei a ver duas vezes "O Amargo Santo da Purificação". As palestras também foram muito boas e o pessoal bem participativo.
Pela abertura dos arquivos do governo!!!!
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